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Mostrando postagens de abril, 2017

Anomalisa: um estudo social sobre o amor fugaz

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Como seria uma história em animação contando a vida dos adultos? Por que ninguém havia pensado isso antes? Foi a minha inquietação quando eu descobri  Anomalisa  (2016, drama/romance), o filme mais recente do meu querido e excêntrico roteirista Charlie Kaufman. Demorei algum tempo para assisti-lo, me perdi no meio do caminho contemplando  Sinédoque, Nova Iorque  (2008, primeira direção de Kaufman), um drama subestimado pelo público e crítica sobre um dramaturgo que intenta realizar um espetáculo megalomaníaco sobre sua própria vida. Acho interessante que, muitas vezes, o impulso criativo de Kaufman é o mais honesto possível com o seu público: nós só podemos falar sobre o que vivemos e  compreendemos. Provavelmente, é mais fácil falar sobre si mesmo. É terapêutico, na verdade. Anomalisa , como o próprio título sugere, é uma estória incomum. Não é apenas uma animação adulta, é um  stop motion . O desafio é duplo, você transpor um roteiro para um universo sem vida e ainda consegu

Minha primeira maratona do Oscar

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Uma experiência marcante que eu tive com o cinema foi fazer uma maratona de filmes do Oscar. Peguei esse costume nos últimos anos porque é a premiação mais tradicional. Até quem não gosta de cinema a conhece. Na edição de 2014, eu assisti a quase todos os filmes, meio que levado pela maré de comentários nas redes sociais e acho importante compartilhar isso com vocês. Provavelmente, todo cinéfilo já acompanhou e se deslumbrou com aqueles vários títulos disputando, cheios de cartazes, de trailers, críticas e entrevistas nos jornais; Hollywood em festa, artistas distribuindo sorrisos na televisão. É a parte glamourosa que muita gente se encanta, é o espetáculo americano, the show . Essa foi uma das formas d'eu me aproximar um pouco mais do cinema. Naquele ano, disputaram a categoria de “melhor filme”, todos estreados em 2013, os seguintes concorrentes: Trapaça (Drama/Romance Policial, por David O. Russell), Capitão Phillips (Thriller/Drama, Paul Greengrass), Clube de Co

Snowden e 1984: quando a ficção científica se torna realidade

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“ Guerra é paz. Liberdade é escravidão. Ignorância é força.” Esse é o slogan do Partido que governava o país imaginário Oceania, na aventura distópica 1984 , de George Orwell, lançado em 1949. Mais de meio século depois, o mundo inteiro vê a estória do romance inglês virar realidade, graças ao fenômeno Edward Snowden. O jovem hacker trouxe à tona o antigo dilema “liberdade x segurança”, quando publicizou o sistema de vigilância dos Estados Unidos da América (EUA), que põe olhos sobre qualquer cidadão ou instituição do planeta. O cinema permite compreender as semelhanças das duas histórias, dos seus respectivos protagonistas e destinos. Citizenfour (2014), documentário de Laura Poitras, e Snowden (2016), suspense biográfico dirigido por Oliver Stone, são registros cinematográficos que funcionam como janela para a reflexão que se segue. Quando a ficção científica se tornou realidade? Para que vocês entendam, é interessante ver a sinopse do livro : Winston, herói de 1984, úl