Anomalisa: um estudo social sobre o amor fugaz
Como seria uma história em animação contando a vida dos adultos? Por que ninguém havia pensado isso antes? Foi a minha inquietação quando eu descobri Anomalisa (2016, drama/romance), o filme mais recente do meu querido e excêntrico roteirista Charlie Kaufman. Demorei algum tempo para assisti-lo, me perdi no meio do caminho contemplando Sinédoque, Nova Iorque (2008, primeira direção de Kaufman), um drama subestimado pelo público e crítica sobre um dramaturgo que intenta realizar um espetáculo megalomaníaco sobre sua própria vida. Acho interessante que, muitas vezes, o impulso criativo de Kaufman é o mais honesto possível com o seu público: nós só podemos falar sobre o que vivemos e compreendemos. Provavelmente, é mais fácil falar sobre si mesmo. É terapêutico, na verdade. Anomalisa , como o próprio título sugere, é uma estória incomum. Não é apenas uma animação adulta, é um stop motion . O desafio é duplo, você transpor um roteiro para um universo sem vida e ainda consegu